quinta-feira, 14 de agosto de 2008

O medo.

O medo pra mim é uma interrupção do processo de racionalização. Quando sinto medo, confesso que não consigo pensar em nada, só no medo. Portanto, para mim, o medo não existe na razão. Mas será que é necessário manter a racionalização quando não sabemos o que está acontecendo? Geralmente, quando acontece algo, geramos um preconceito, pensamos, muitas vezes sem saber exatamente o que está acontecendo, e geramos uma espécie de fantasia mental. Normalmente, essa fantasia traz conseqüências. Se estamos numa situação de perigo, acontece algo e não sabemos o que é, é melhor não pensar. O medo é uma força que tem como objetivo evitar perigos de qualquer natureza e funciona como um sinal que interrompe qualquer ação imprudente. O medo é isso e não tem nada a ver com as reações acontecidas ante ele, que, no nosso caso, por razões culturais, não são naturais. Nossa cultura não só não nos preparou para enfrentar o medo, mas também nos ensinou a ter medo dele, e, por isso, reagimos mal. Por um processo cultural diferente, nós encararíamos o medo de uma forma diferente e teríamos reações naturais. Essas reações naturais trabalham a favor do instinto de sobrevivência ( essa termo “instinto” é aceito por JUNG? Sei que Freud não considera os instintos e sim as pulsões), tanto do corpo quanto da mente, como também da psiquê humana.

Nós estamos mal acostumados. Nós fomos educados numa cultura que não nos ensina a lidar com o medo, e sim a temê-lo, mas isso tem um objetivo. Por exemplo, quando a criança não quer comer e a mãe diz: “se você não comer, o bicho-papão vai te pegar”. Quando a criança entra nesse condicionamento, come até qualquer coisa, contanto que o bicho-papão não lhe apareça. E o que é isso? Isso é manipulação. Então, o medo é utilizado como elemento de manipulação para subjugar, escravizar e dominar as pessoas. Mas não é porque o medo seja isso, e sim porque pessoas exploram pessoas e têm utilizado o medo como mecanismo para isso. O fato é que nós acabamos tendo “medo do medo” e, então, para não sentirmos medo, pagamos qualquer preço. Esse é o ponto mais complexo em relação ao medo. Dessa forma, o medo não é ruim, ruim é a reação que geramos ante ele, porque não temos sido educados de forma correta para encará-lo.

O medo é uma força natural, não é o meu ou o seu medo, é o medo. O medo existe de forma independente das pessoas, ou seja, há algo em nós e também fora de nós que se chama medo, e que tem uma função na natureza como poderia ter o Sol, a Lua, a Água, a Terra ou qualquer elemento. O medo faz parte da natureza e tem como função proteger, por incrível que possa parecer.

2 comentários:

Lekka disse...

Já senti medo, muito mesmo, mas não ao ponto de me paralizar ou de me impedir de vivenciar as coisas. Sempre achei que as descobertas, independe do nível ou da qualidade delas, sempre valiam mais à pena do que ficar a salvo das emoções que delas resultariam.
Bom conhecer teu blog! Já está linkado!
Beijos

BIA disse...

O medo natural é como um pastor, guia-nos para longe do perigo!

O medo pode ser doentio (eu sei!)esse é que mete medo!

Abraço

BIA