quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Humildade & Humilhação

Um das máximas tradicionais estabelece uma abordagem metafórica do conceito de humildade na relação entre o tronco da árvore de sândalo e o machado.

"Seja como o sândalo - que perfuma o machado que o fere." - diz o ditado.

A frase enseja algumas reflexões: por um lado pode veicular a idéia de que aquele que fere alguém levará consigo, por muito tempo, a lembrança do fato, ou o sentimento de culpa, o tormento, etc. Por outro lado, a mensagem mais recorrente com que temos deparado é a da humildade: a reação do sândalo frente ao machado que o fere seria de humildade, um sentimento de nobreza, de perdão, cristão em essência.

Entretanto, existe uma tênue - mas fundamental - linha que separa os conceitos de humildade e de humilhação.
Não estaria o sândalo sendo vítima da humilhação pelo machado? Da humilhação levada às últimas conseqüências...

Naturalmente, a resposta é discutível e de difícil consenso, porém nos remete à reflexão entre essas duas contingências, de etimologia semelhante, mas de acepção diferenciada: humildade e humilhação.

É uma atitude de nobreza de caráter ser humilde de coração, mas a humilhação merece repúdio, porque esta provém da prepotência, da intolerância - condições desprezíveis por princípio.

Um ato de sincera humildade tende a revelar um caráter nobre.
Uma atitude de humilhação pode desvendar um caráter podre.

Em síntese:
Humildade, sim.
Humilhação... jamais!

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