sexta-feira, 4 de abril de 2008

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"Já que não existe injustiça verdadeira nesta terra, além da injustiça da própria terra, que é estéril pelo frio e estéril pelo calor e raramente fértil pela doce mistura do calor e do frio, não existe injustiça entre aqueles que andam sobre a mesma porção de terra submetida ao mesmo frio ou ao mesmo calor ou à mesma doce mistura, e qualquer homem ou animal que pode olhar outro homem ou animal nos olhos é seu igual, pois eles andam sobre a linha plana e reta da mesma latitude, escravos dos mesmos frios e dos mesmos calores, ricos ambos e ambos pobres, e a única fronteira que existe é aquela entre o comprador e o vendedor, porém incerta, os dois possuindo o desejo e o objeto do desejo, ao mesmo tempo cavidade e saliência, com menos injustiça ainda do que a que existe entre ser macho ou fêmea entre os homens ou os animais. Por isso, assumo provisoriamente a humildade e lhe empresto a arrogância, para nos distinguir um do outro nesta hora que é inevitavelmente a mesma para você e para mim."

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